quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Falta de segurança é um risco para iniciativas verdes

Relatório demonstra como mercados de carbono e programas de preservação ambiental estão sendo cada vez mais visados por quadrilhas criminosas que se aproveitam da ausência de mecanismos de controle e monitoramento.

A pressão crescente da sociedade por um maior respeito com o meio ambiente e o interesse em captar recursos que possibilitem a mitigação das mudanças climáticas fizeram com que a criação de novas iniciativas de sustentabilidade adotasse um ritmo bastante acelerado.

Normalmente, essa urgência em estabelecer novos programas seria algo positivo, porém existe um lado ruim: na pressa de colocar em funcionamento as iniciativas, muitas vezes questões de segurança acabam sendo ignoradas.

Esse é o alerta que faz a consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) no relatório ‘How to assess your green fraud risks’ (numa tradução livre “Como lidar com os riscos de fraudes verdes”) publicado nesta segunda-feira (21).

Segundo o documento, as fraudes acontecem porque os novos mercados e iniciativas carecem de melhores padrões de controle e verificação. Além disso, não são feitos os investimentos suficientes de segurança em termos de tecnologia da informação.

Para a consultoria, o aumento dos crimes relacionados aos mecanismos de sustentabilidade pode ser explicado facilmente: essas ferramentas movimentam muito dinheiro, mas não possuem as mesmas normas de segurança das atividades financeiras tradicionais.

O caso mais recente de fraude envolveu o Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS), com Hackers realizando o desvio do equivalente a € 28 milhões em permissões em janeiro. Um crime que levou à suspensão das negociações imediatas do esquema por mais de 20 dias e que ainda está afetando a sua credibilidade.

Ataques parecidos já haviam sido realizados no ano passado e utilizaram uma das formas mais antigas de golpe via a internet, os e-mails falsos. Os hackers enviaram e-mails para centenas de funcionários de empresas que participam do EU ETS, neles pediam a confirmação dos dados da companhia. Dezenas de pessoas caíram no golpe e possibilitaram assim o roubo de permissões equivalentes à € 3 milhões.

Para confirmar que mesmo esse método já conhecido ainda é perigoso para os mercados, a PricewaterhouseCoopers realizou uma pesquisa com uma multinacional. A PwC enviou um link para um site falso para todos os funcionários da corporação e nada menos que dois mil deles, cerca de 5% do total, acabaram clicando no link.

“O que existe de novidade é o alvo em si, os novos mercados verdes. As técnicas de fraude que estão sendo utilizadas são as mesmas já vistas em atividades financeiras”, explicou Jonathan Grant, um dos responsáveis pelo setor de sustentabilidade e mudanças climáticas da PwC.

Diante do rápido crescimento da economia verde e das finanças climáticas é inevitável que quadrilhas queiram tirar vantagem de falhas de segurança. O que os governos e a iniciativa privada devem fazer é aumentar as normas de segurança para evitar que essas pessoas tenham tanta facilidade em explorar as novas ferramentas.

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