quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fontes alternativas geram somente 60% do previsto em 2010

As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), térmicas a biomassa e usinas eólicas presentes na matriz elétrica brasileira geraram somente 60% do que era esperado no ano passado. Um levantamento apresentado nesta quarta-feira (3/8), durante o Energy Summit, no Rio de Janeiro, pelo consultor Mário Veiga, mostra a produção de 2.700MWmédios por essas plantas, contra uma previsão de cerca de 4.300MWmédios.

"Na operação real, a gente tem verificado uma geração menor do que aquela que é declarada por eles como referência para garantia física", aponta o diretror-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, referindo-se a PCHs, usinas a biomassa e eólicas, essas últimas "em menor escala". "Isso vem acontecendo desde 2009, porque essas são usinas em que não há um cálculo da eneriga garantida, elas são praticamente declaradas pelo agente", completa.

O assunto foi abordado na resolução normativa 440 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que propõe que a geração das usinas existentes seja calculada a partir da média mensal apurada nos últimos cinco anos. A medida também terá efeito nas plantas futuras, que terão sua previsão baseada nos empreendimentos já em operação. A proposta, porém, foi temporariamente suspensa nesta segunda-feira a pedido do Ministério de Minas e Energia.

Chipp acredita que o assunto tem que "ser estudado com mais profundidade". A maior preocupação demostrada pelo executivo é com relação às usinas, particularmente as eólicas, que ainda serão implementadas. "Os projetos se modificam. As eólicas, por exemplo, tinham torres de 50 metros, e agora têm torres de 100 metros, o que dobra a geração", justifica, lembrando que os projetos com problemas foram viabilizados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).

Segundo Chipp, a frustração de geração "vem acontecendo desde 2009" e a resolução da Aneel seria um meio de "colocar a operação mais próxima do que se planeja". "Senão, você imagina que tem uma sobra X e essa sobra na verdade é Y. Essa é a preocupação". Ainda assim, o operador defende que a mudança seja "melhor pensada". Chipp adianta ainda que o assunto começará a ser discutido nesta quinta-feira (4/8), em uma reunião no Ministério de Minas e Energia. "A decisão de se aguardar foi muito boa".

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, também defende uma maior cautela. "É natural que você tenha variabilidade, então, pegar um ano e tirar conclusão em cima é complicado. A própria hidrelétrica tem anos secos e úmidos, a cana tem safras boas e ruins", argumenta. Para o executivo do governo, não se pode generalizar, e muito meos "dizer que uma fonte é ruim ou boa".

Tolmasquim também ressalta que as usinas viabilizadas por leilões ainda não fazem parte do levantamento. "São as usinas do Proinfa, que é outro marco regulatório, não exigia certificações (de vento), nada disso que a gente pede para o leilão. Tem sempre de se olhar uma série de tempo antes de tomar decisões".

Para Mário Veiga, da consultoria PSR, os números servem de "alerta" para o governo quanto à política energética. "Já temos uma Belo Monte de renováveis e a produção está abaixo do esperado", critica. O executivo ainda brincou e disse que "o governo passa por paixões"; primeiro, teriam sido as PCHs a receberem grandes incentivos, depois as usinas a biomassa. Como as fontes não corresponderam, teriam acabado "punidas". "Paixão, depois ódio, não é bom. As fontes são espetaculares para o Brasil; você só tem que ser realista com os preços delas", concluiu.
Fonte: Jornal da Energia

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